===== PRICE (CRPS) – ESTADOS MÍSTICOS (HAL) ===== CRPS Como vimos, os **maqāmāt** são os estágios pelos quais o caminhante deve passar em seus esforços pela perfeição e em seus empenhos para se dispor ao influxo das graças místicas. Sendo purificações e retificações morais e espirituais que podem e devem ser realizadas pelos próprios esforços do discípulo, são conhecidos como "adquiridos" (*iktisābi*) e não "infusos", cuja palavra mais próxima é, talvez, *ladunni*. Chegamos agora aos **ahwāl** (plural de *hāl*), que, de acordo com a interpretação sufi usual, representam graças místicas, puros dons da graça e generosidade divinas a uma alma despojada de todo egoísmo e autoconsideração. Doravante, não é tanto o esforço e o avanço diligente do próprio peregrino que está em primeiro plano, mas a atração vitoriosa e irresistível do amado divino (*Jānān*), arrebatando o viajante e levando-o em um estado de total perplexidade. A palavra *hāl* não é fácil de traduzir. Assim como vários outros termos sufis, seu significado não é necessariamente aquele que seria dado em um dicionário. É usada de maneiras muito mais sutis, que só podem ser aprendidas pela familiaridade com seus escritos. Por sua derivação, implica mudança, um estado de alma em constante alteração. O *qalb* (coração), no qual essas mudanças místicas ocorrem, é também, por definição, algo mutável, constantemente virado para um lado e para o outro por seu transformador divino (*muqallib*). Daí poderia quase ser traduzido por "fase" ou "humor". Jurjani, em seu *Livro de Definições*, o define assim: "O significado de *hāl* no dicionário é o fim do passado e o começo do futuro (em outras palavras, é o momento presente). Mas entre o povo de Deus (isto é, os Sūfis), é uma experiência da alma (ou coração), não produzida artificialmente, não induzida ou adquirida, de alegria ou tristeza, contração ou expansão, e assim por diante. Desaparece com o surgimento dos atributos do eu. Se perdura e se torna um *habitus*, ou qualidade fixa, é chamado de *maqām*." Jurjāni aqui usa a palavra *maqām* não como um estágio transitório, mas como um estado místico permanente. Houve uma notável divergência de opinião entre os mestres Sūfis quanto à possibilidade de um *hāl* ser permanente. De acordo com o grande mestre Junayd de Bagdá, que é geralmente seguido pela Escola do Iraque, os *ahwāl* são essencialmente transitórios. "Os estados (*ahwāl*)," diz ele, "são como relâmpagos. Se perduram, isso deve ser atribuído a uma anormalidade psíquica." Em outra passagem, onde Junayd parece derivar a palavra *hāl* da raiz *holla*, para descer, ele diz: "Os estados (*ahwāl*) se assemelham ao que a própria palavra implica: descem ao coração e desaparecem novamente." Abunasr Sarrāj, em seu *Kitāb ul Luma’* distingue as dez seguintes fases ou graças místicas: - **Murāqaba** (literalmente, observar ou vigiar, neste caso, a própria consciência interior). - **Qurb** (ou realização da proximidade de Deus). - **Mahabba** (ou amor). - **Temor** (filial) e **Esperança**. - **Shauq** (saudade, anseio). - **Uns** (um estado de familiaridade amorosa com Deus). - **Itminān** (um senso de segurança e dependência serena). - **Contemplação** (*Mushāhada*). - **Yaqin** (certeza). Deve-se admitir de imediato que, no caso de vários, pelo menos, desses *ahwāl*, o elemento de passividade sobrenatural dificilmente pode ser rastreado diretamente. Indiretamente, é claro, a influência da graça, sua atração (*kashish* ou *jazba*), é sempre passível de se fazer sentir, mesmo nos *maqāmāt*. {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}