LRVV
Aprenda a retornar voluntariamente ao que é fundamentalmente primitivo em si, ao que pertence ao *instinto*, à *intuição* e ao *sexo*, e que está cuidadosamente escondido e dissimulado. Esse retorno consciente fará eclodir em si todas as *impaciências adormecidas* e aparecer as *reações insuspeitas*. Se fosse uma árvore, elas seriam, umas e outras, os galhos que saem do mesmo tronco. Não se poderia cortar um sem prejudicar o todo; cortar vários causaria a morte da árvore. Todos os galhos juntos formam a copa da folhagem.
A folhagem, no vento, se harmoniza com toda a floresta. É na folhagem que os pássaros fazem seus ninhos e cantam. Que essa imagem ajude na *disciplina espiritual*, mesmo que seja muito dura. Se há algo de triste em si, é porque há em algum lugar ainda um *apego*, como há na árvore nós que atrapalham a subida da seiva.
Pode-se absorver ideias e torná-las suas. Pode-se livremente criar expressões para falar delas. É isso que a *Shakti*, a força em si, faz. Talvez eu possa ajudar a descobrir a própria *Shakti* — por *sugestão*, mas nada mais. Se se abrir e descobrir quem se é, ficarei contente.
Uma grande *tapasya* espera. Essa palavra significa: *austeridade pessoal* e *disciplina voluntária*. Geralmente é traduzida por *penitência ascética*, enquanto o sentido védico essencial comporta a ideia de *irradiação*.
Duas ideias estão contidas na palavra *tapasya*: a de *calor* e a de *luz*. São distintamente a *energia criadora* e a *sabedoria* que são descritas nas *Upanishads* como sendo juntas a primeira manifestação do impulso criador. Uma das *Upanishads* chega a dizer que é uma irradiação desprovida de qualquer característica, ou seja, *sem forma* (*alimgam*).
Uma verdadeira *tapasya* significa tornar-se um com o poder criativo da *prakriti*, o que nos leva ao cerne da Natureza tal como ela realmente é. Por *tapasya*, abandona-se voluntariamente tudo o que foi adquirido para retornar ao que é *simples* e *inato*. A «vida na floresta» de Sîtâ e Râma é o modelo da *tapasya* ideal. As austeridades, tanto mentais quanto físicas, que muitos buscadores se impõem, são apenas *tateios obscuros* que agradam às almas ignorantes, desejosas de alcançar um objetivo muito natural em si. Que Sîtâ e Râma inspirem!
Faça o poder irradiar e que essa irradiação seja a *tapasya*. Ouça esse chamado ressoar em si, e, sem *crispação* de qualquer tipo, ouse mergulhar até o mais profundo da alma. Não escute os *sofismas* daqueles que sabem muitas coisas e que as ensinam com pompa e fausto.
Apoie-se apenas em si mesmo! Uma ideia, tirada das Escrituras, veio à mente ao pensar em si: «Tem uma lembrança precisa de si aos dezessete anos? Uma impressão do que se era diante do mistério da vida, diante do portal entreaberto sobre o desconhecido? Esse “ser” morreu em si? Ele não pode morrer, dizem os *Tantras*. Pode-se reencontrá-lo em si? Conhece-o?»
Compreendida dessa forma, *tapasya* é, no tempo, o *desenvolvimento progressivo de uma intuição sem fim*. Existem duas sortes de *tapasya*: aquela onde se diz sempre: «sim» (*tantras*) e aquela onde se diz sempre: «não» (*vedanta*). O verdadeiro buscador que diz «sim» é um *poeta nato*, pois se encontra na obrigação de tudo traduzir em pensamentos e linguagem elevados. Sua poesia desempenha o papel de uma *ciência de transmutação*.