SILBURN (HERMES1:57-58) – CONSCIÊNCIA OU SHIVA

No śivaīsm, a Consciência absoluta ou o Śiva supremo contém todos os contrastes e não exclui nada:

*“O que é chamado de Consciência não é outra coisa senão… a própria natureza do universo inteiro com suas modalidades de ser e não ser”, encontramos no Śivasūtravimarśinī (I. 1).*

*“(Esses) brilhos no meio do Brilho, e (essas) trevas no meio da Escuridão, brilhos e trevas no mais alto grau - saúdo esse Esplendor sem igual!”, canta Abhinavagupta na primeira estrofe de seu Laghuvŗtti.*

O Samvidullâsa também diz o mesmo:

*“A Realidade śivaita é, de uma forma indescritível, despreocupação cheia de ardor, escuridão intensa idêntica à luz, vazio feito de plenitude”. (MM., 140.)*

E, no entanto, não há opostos no Um, no sentido de que, de acordo com Somânanda, “a natureza divina permanece idêntica em todas as coisas. Se estados superiores e inferiores são distinguidos, é para o benefício de pessoas imbuídas de convicções errôneas”. Privados da evidência que acompanha a visão mística, intuitiva e global, esses homens criam arbitrariamente contrastes: puro-impuro, bem-mal, enquanto o mesmo poder divino e a mesma Consciência infinita são encontrados em toda parte, indiferentemente no puro e no impuro (S.D. I. 48).

Abhinavagupta, também, apela para a “grande integração” (mahāvyāpti). Esse termo designa tanto a difusão onipenetrante da Consciência no Si e, em seguida, no universo em seus vários aspectos, como também uma integração total quando o universo é reintegrado com a energia divina e este último com a Consciência incomparável (anuttara), estando o todo perdido em Paramaśiva (Tantraloka III. v. 205).

Para Abhinavagupta, nosso conhecimento é unificado apenas pelo Senhor, pois Ele é “a única consciência luminosa em si mesma”. (P.S. 40.)

*Extraído de Hermes I, p. 57-58*