Brunton (N6) – Sujeito-Objeto
PBN6
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O sentido da existência egóica precede e dá origem ao sentido da existência do mundo.
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O ego aparece na Mente, o universo aparece ao ego: juntos formam a dualidade sujeito-objeto que caracteriza os pensamentos.
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O pensamento egóico está por trás de todas as atividades do homem. Ele está sempre associado ao pensamento objetivo.
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O “eu” é o conhecedor do mundo exterior (coisas) e interior (pensamentos). Mas ele é um conhecedor apenas relativamente, pois ele próprio é um objeto, conhecido por um poder superior.
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O “eu” pensa: este é o sujeito. Mas o “eu” em que ele pensa é o “mim”, que é um objeto. Normalmente, a consciência deve ter um objeto de consciência. Essa associação é essencial à nossa vida mental.
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Assim como na gramática, ao analisarmos uma frase, há um sujeito e um objeto, também no pensamento comum há uma divisão entre o pensador e o pensamento, a coisa ou pessoa que recebe atenção, entre o “eu” e o outro.
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O ego do qual temos consciência não é o mesmo que a mente pela qual temos consciência. Aquele que persevera até compreender isso abre a primeira porta da casa da alma.
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Todo o seu pensamento sobre o ego é necessariamente incompleto, pois não inclui o próprio pensamento do ego. Tente fazer isso e ele escapará de suas mãos. Somente algo que transcende o ego pode compreendê-lo.
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O corpo é, na realidade, um objeto para a mente, que é seu sujeito; e não apenas o corpo, mas também tudo o que o ego pensa ou sente se torna um objeto. É menos fácil ver e ainda mais necessário compreender que esse ego, esse sujeito, é ele próprio um objeto para uma parte superior da mente.
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Compreendemos corretamente nossa relação com bens externos, como cadeiras e tapetes, mas não com bens como mãos e pensamentos. Aqui, nossa compreensão se torna confusa. Nossa linguagem habitual revela isso. Dizemos “estou ferido” quando, na verdade, é o corpo que está ferido, ou “estou satisfeito” quando um pensamento de prazer surge dentro de nós. No primeiro caso, o corpo continua sendo um objeto de nossa experiência, apesar de sua proximidade. No segundo caso, o pensamento é uma função desempenhada por nós. Ambos devem ser distinguidos do nosso ser, por mais que estejam entrelaçados com nossa atividade.
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O ego torna-se o objeto observado, quando é finalmente e completamente analisado em termos de consciência. Ele não é mais o sujeito observador.
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O ego é uma ideia tão transitória quanto os chamados objetos físicos que ele percebe. Tanto o ego quanto os objetos aparecem juntos como pensamentos dentro da Mente Universal e colapsam juntos.
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Para a pessoa real, a consciência, o corpo, os nervos e os órgãos dos sentidos são apenas objetos usados como meios e canais.
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Onde quer que exista consciência humana, onde quer que haja um pensador, também existem os seus pensamentos. O sujeito e o objeto unem-se para tornar possível a existência consciente de um ego, um “eu”, tanto no estado de vigília como no estado de sonho.
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O pensamento do mundo é um objeto para a mente do ego, que é o sujeito dele. Mas a mente do ego é ela própria um objeto: a consciência dela é simplesmente a consciência do pensamento do ego.
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O ego é um objeto. A mente conhece apenas objetos. Portanto, o homem não conhece a si mesmo quando conhece apenas o ego.
