MILLOUÉ (1905) – TEMPO CÓSMICO
Milloué1905
“Todo composto deve inevitavelmente passar por modificações constantes e, por fim, perecer pela desagregação e dissolução dos elementos que contribuíram para sua formação”—este é um axioma unanimemente aceito por todos os sábios da Índia, sejam deístas, panteístas, racionalistas ou materialistas. O universo, independentemente de sua origem—seja como emanação da essência divina, obra de um demiurgo ou evolução espontânea de uma matéria eterna—não escapa a essa lei. Sua existência é limitada à duração de um Dia de Brahmâ, ao final do qual sofre uma dissolução completa, seguida por uma Noite de Brahmâ de igual duração, durante a qual seus elementos desagregados repousam para se reorganizarem com o despertar do demiurgo.
O conjunto do Dia e da Noite de Brahmâ forma o chamado *Mahâ-Kalpa*, ou grande *Kalpa*. Um Dia de Brahmâ compreende mil *Kalpas*, cada um dividido em quatro *Yougas* ou Eras, chamadas *Krita*, *Trétâ*, *Dvâpara* e *Kali*. No final de cada ciclo, o universo passa por uma destruição parcial e momentânea, castigo pelos crimes e pela impiedade dos homens do último período. A duração do *Krita-youga* é de 4.800 anos divinos; do *Trétâ*, 3.600; do *Dvâpara*, 2.400; e do *Kali*, 1.200—totalizando 12.000 anos divinos, equivalentes a 4.320.000 anos terrestres, considerando que um dia dos deuses equivale a um ano humano.
O Dia de Brahmâ corresponde, portanto, a 4.320.000.000 de anos terrestres. Durante esse período, o mundo é governado e protegido por quatorze monarcas divinos, conhecidos como *Manous*, cujos reinados sucessivos e de igual duração são chamados *Manvantaras*. Até agora, sete *Manous* se manifestaram no *Kalpa* atual, sendo o mais recente *Manou Vaivasvata*, filho do sol, o gerador da raça humana após a catástrofe do dilúvio—um mito relativamente recente, do qual não se encontra vestígios nos Vedas.
